sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

De repente 27



Na verdade fazer 27 anos não é tão diferente, acordei do mesmo jeito – pulando da cama para tomar um banho de chuveiro ouvindo e cantando alguma das minhas já surradas músicas – olhei no espelho com a mesma cara do dia anterior e já pensando que não poderia me atrasar para não perder o ônibus para o trabalho.
No meio do caminho, é na escada do edifício, já para pegar o ônibus, foi que me dei conta do quanto mudei, mas não mudei de ontem para hoje, não. Mudei ora lentamente, ora rápido demais – quando as dificuldades exigiram – mas o mais importante, eu mudei muito durante meus 9.855 dias vividos (puxa, em menos de um ano completo 10.000 dias de vida).
De tudo, o mais importante foi o aprendizado, começando desde o primeiro choque – que já não recordo mais, mas que foi mais ou menos assim:
-Joyce, não enfia o dedo nessa tomada. Disse o meu pai.
Minutos depois só se ouviu a minha choradeira
- Eu não avisei para você não enfiar o dedo aí? Ele brigou comigo.
Na minha cara de mais pura inocência que toda criança possui, levantei os grampos de cabelo que devo ter roubado da minha mãe. Acontecimento importante o suficiente para dali para frente toda vez que olhasse uma tomada eu apontasse para ela e dissesse:
- Choque?! Né, papai?
Adoro minhas peripécias de crianças, quantas coisas aprendi naquela época que mantenho guardadas no coração, afinal é a minha alma de criança que mantem a minha sanidade de adulta.
Depois veio a adolescência, na minha veio foi tudo de uma vez só, lembro até hoje quando olhei para mim mesma no final da quinta série e decidi – com toda a certeza que eu tinha na época e que hoje parece meio boba e inocente – que eu gostaria de ser uma pessoa diferente. Simples assim, não queria mais ser a Joyce que eu era, e a partir daí mudei muita coisa, entrei em turma de teatro, fui representante de sala, de gincana, até participei da greve que fizemos na escola porque na época queríamos um prêmio que não nos foi dado por termos ganhado a gincana.
Descobri nessa época muitos dos meus melhores amigos que caminham comigo até hoje, descobri o trabalho – eita felicidade ganhar R$ 100,00 por mês para poder ir ao cinema e comer Mc donalds, risos.
Nessa época também aconteceram coisas que me fizeram amadurecer mais rápido, exigências desta nossa vida mundana, época em que pensei que o mundo tinha um tom cinza e que achei que nada pior pudesse acontecer – outro tropeço inocente pelo caminho, e como devo agradecer por esses períodos, já dizia Bruno Mars “ A ausência da luz é uma parte necessária “, afinal quando a folha amadurece e cai ao pé da árvore, é ali que ela pode começar a sua trajetória, seja ela alçando novos vôos ou se tornando adubo para fortalecer o solo que já existe. É assim que enxergo esse negócio de amadurecer.
Com o tempo veio faculdade, mais ótimos amigos, novas experiências, novos horizontes e sonhos! O céu ainda estava meio nublado, mas os raios do sol sempre encontram um jeito de alcançar quem neles ainda acredita, e eu sempre fui uma sonhadora incorrigível.
Enfim, agora com meus quase trinta anos – eu não entendo o medo da maior parte das pessoas de se fazer 30 anos, para mim está parecendo ‘o máximo’ – sinto que me tornei quem eu gostaria de ser. Na verdade, a minha vida sempre me surpreendeu com alguns bônus extras, inclusive aqueles que eu já estava descrente (Ah, o amor e suas brincadeiras de pique - esconde).
Mas, o mais legal de tudo isso é olhar para trás e ver que todas as coisas que eu pensei insuperáveis foram apenas batalhas que eu venci e que me ajudaram a chegar aqui. É olhar para o lado e encontrar as pessoas que me ajudaram a construir essa pessoa que sou hoje – estranha como sou eu – e acima de tudo, é olhar para frente e ver o futuro que se constrói a partir das sementes que plantamos hoje.

Este é meu texto para comemorar os meus 27 aninhos, cheios de vida e que a vida se faça presente em todos os dias, e não o contrário, nunca o contrário.

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